segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Paciente #50...pobres gatos...

Atenção: Este artigo poderá ter imagens eventualmente chocantes.

Os acidentes acontecem quando menos se espera.
Estes dois gatos tiveram um grande azar quando a caixa onde estavam guardados caiu das mãos do seus dono durante umas duras mudanças.

Foi só mais tarde que repararam que os gatos se tinham partido e que afinal não eram de plástico como suspeitavam mas de uma frágil porcelana.
Pediram ajuda ao Hospital e as criaturas foram internadas de emergência nos nossos cuidados intensivos.
Aqui apresentou-se um problema.
Se as figuras fossem maiores poderiamos aplicar a tecnica que usamos normalmente para estes problemas. Acontece que estes gatos tem apenas alguns centimetros.
Tivemos de mudar de tecnica e aplicar um adesivo líquido na esperança de ser o suficiente para poder juntar novamente todos os membros partidos.
Foi um alívio verificar que o adesivo não foi rejeitado e que nem sequer interagiu com a pintura das figuras.
Ficam assim como novas estas raras figuras do Gato Zu.
Recomenda-se o seu amazenamento em local mais seguro.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Paciente #49... as correntes de Cy-Gor...

Este é mais um caso de uma figura adquirida para a nossa colecção que estava aparentemente em bom estado.

Logo no início reparamos que a caixa estava meio amarelada e já tinha sido aberta.
Mas mesmo assim, devido à raridade da figura arriscámos e fizemos a compra.
Descobrimos logo que as correntes metálicas do Gorila tinha sido partida.

Acreditamos que esta figura tenha sido exposta numa loja durante demasiado tempo e que tenha sofrido um bocado com isso.
As correntes sofreram tensão e quebraram-se pelo aneis que tivemos de reparar.
Foi um trabalho simples de união de "Links" e que deu outro aspecto à criatura.


É uma action figure espectacular e que respira agora saúde nas nossas prateleiras.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Paciente #48...diabólicamente delicado...

E cá apareceu um novo paciente depois das férias...
Desta vez este Hellboy com um problema de equilibrio.
Acontece que a "barra de sustentação" desta pesada figura, partiu-se mesmo rente ao local de encaixe.
A solução do cliente foi colar imediatamente com super cola...Erro fatal, pois a natureza deste plástico da "barra de sustentação" não permite uma fusão muito fixa e a super cola cristaliza, tornando-se frágil.
O que surtiu um efeito devastador, pois o plastico da figura ficou fundido com o plástico da "barra".
Problema acrescentado porque tivemos de fazer um furo na figura para desfazer o erro.
A fim de não acontecer o mesmo problema optamos por substituir a "Barra" de plástico por um cilindro de metal que foi introduzido no furo que fizemos nos fundilhos da figura.

Agora este Hellboy recuperou a dignidade.
Agradecemos ao Hugo a paciência que teve em esperar e confiarnos a sua figura favorita.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Paciente #47... O torso de Medusa...

Foi muito provavelmente a figura mais problemática que nos apareceu e que mais cuidado tivemos em recuperar. Esta estátua da Medusa, chegou às urgências num estado lastimável e, sendo uma estátua de uma beleza fora do comum, iniciamos as diversas intervenções com o maior dos cuidados e atenção ao detalhe.
Depois de termos feito a triagem e chegado à conclusão que o assunto era realmente grave, resolvemos avançar com muita cautela não fossem existir estragos na estrutura do torso da figura que pudesse ainda causar mais dificuldades.

A prioridade foi devover o torso ao lugar para depois podermos cuidar do braço.
Feitas as reparações principais e com a figura una, mais uma vez foi um verdadeiro desafio encontrar o tom certo das tintas para podermos reparar tudo da melhor maneira.

No final e depois de quase duas semanas em recuperação, Medusa é uma estátua espectacular e una, apenas com ligeiras cicatrizes do acidente que teve na sua viagem dos Estados Unidos para Portugual, sendo este tipo de acidentes um problema comum entre os nossos pacientes.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Paciente #46...o braço do soldado...

Outra figura de chumbo.
Outro problema.
Desta vez ao "pegar na figura, o braço caiu..."disse-nos o nosso cliente.
Nada de mais comum em figura que são feitas de várias peças, como é este caso.
Foi outra intervenção simples que deixou o soldado como novo.
Mais cuidado da proxima vez e não exercer pressão em peças que certamente não fazem parte do corpo principal da figura.

Paciente #45...a lança do guerreiro...

Figuras de chumbo são sempre frágeis e por mais cuidado que tenhamos existe sempre o risco de, por mau manuseamento, durante as limpezas ou até por puro azar, se partir alguns dos delicados acessórios ou partes da peça.

O que aconteceu com este guerreiro foi isso mesmo.
Chegou-nos com a lança fora do local que felizmente não estava partida.


Não foi uma situação de risco, embora bastante delicada como acontece sempre com estas peças, mas lá se resolveu o problema sem danos de maior.
Totalmente recuperada já faz furor entre as outras peças da colecção.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Uma passagem pela revista “Nós”

Foi no fim-de-semana passado que saiu o primeiro número da revista Nós, suplemento de sábado do novo jornal “I”. Os que estiveram atentos às reportagens no seu interior poderão ter reparado num artigo intitulado Histórias de camisola vestida, onde apareço numa foto colorida, rodeado de por alguns dos meus tesouros, que são montra do meu blogue dedicado às figuras da minha colecção privada, que poderá ser visto em www.btoys.blogspot.com
Foi a convite da jornalista Maria Ramos Silva que aceitei responder à curiosa questão que me colocou em relação às figuras que colecciono e que conserto no meu Action Figure Hospital, juntamente com a minha equipa de entusiastas, que incluem os meus cunhados e a minha digníssima e talentosa esposa.
O artigo é curto e para aqueles que perderam a revista irei transcrevê-lo aqui na íntegra.
Agradeço aqui pessoalmente à Maria e ao fotógrafo Augusto Brázio a oportunidade que nos deram de revelar ao país a existência do Action Figure Hospital e da vontade que temos em coleccionar estes artigos a que quase ninguém liga ou que marca imediatamente como “coisas para putos”.

E se a cabeça cai? Ou se as pernas se partem? Os bonecos reclamam SOS como as pessoas. Adoecem sem queixumes. Gemem em silêncio, à espera que mãos hábeis inventem curativo. Nuno Mata, 33 anos, Licenciado em Design de Interiores, é pintor e colador no seu hospital para figuras de acção, uma daquelas paixões imberbes que só conhecem dois destinos. Ou definham com o tempo ou são promovidas a mania. A segunda vingou de tal maneira que não viu apenas nascer um banco de urgência para pacientes de plástico. Ganhou consentimento para devorar as assoalhadas. “Começa a faltar espaço. Está tudo guardado em casa.” Na dele. E na dos pais. Entre vitrinas e caixas, algumas já “mesmo atrofiadas”. Mas a legião de bonecos respira saúde entre os dedos de um dono exemplar. Americanos, miniaturas da Disney, bonecos promocionais dos Olá, exemplares em PVC, a menina dos olhos do espólio pessoal. Têm igual residência online em http//www.actionfigurehospital.blogspot.com/,blogue que Nuno mantém com a restante equipa de enfermeiros: Ana Alves, Tiago Alves e Inês Anfilóquio. São mais de 300 artigos postados, cada qual abarcando grandes colecções. O balanço total acusa uns “2000 artigos, aproximadamente”. Somam-se mais 4000 exemplares de BD, outra febre que não conhece antipirético.
Nuno colecciona bonecos desde os 5 anos, segundo uma fórmula simples: “Quando se é miúdo compra-se umas coisas e brinca-se com elas.” Também ajuda, e como, ter boas fontes na família. “A minha avó trabalhava na Disvenda, em Odivelas, e trazia-me mãos cheias de bonecos tradicionais.”Depois, há sempre “aquele teseouro extraordinário”. Como uma figura do Tintin de 1948. Ou uma estátua do Homem-Aranha dentro de casa.
Entraram em casa para ficar porque nunca se sabe quando voltaram a cair no goto, mesmo quando o encanto parece esgotado. “Não consigo desfazer-me da minha colecção. Só se tiver repetidos. Tenho figuras de que já não gosto mas posso voltar a gostar delas. Prefiro conservá-las como memória histórica pessoal.”

In revista Nós por Maria Ramos Silva e fotos de Augusto Brázio.