sexta-feira, 15 de maio de 2009

Uma passagem pela revista “Nós”

Foi no fim-de-semana passado que saiu o primeiro número da revista Nós, suplemento de sábado do novo jornal “I”. Os que estiveram atentos às reportagens no seu interior poderão ter reparado num artigo intitulado Histórias de camisola vestida, onde apareço numa foto colorida, rodeado de por alguns dos meus tesouros, que são montra do meu blogue dedicado às figuras da minha colecção privada, que poderá ser visto em www.btoys.blogspot.com
Foi a convite da jornalista Maria Ramos Silva que aceitei responder à curiosa questão que me colocou em relação às figuras que colecciono e que conserto no meu Action Figure Hospital, juntamente com a minha equipa de entusiastas, que incluem os meus cunhados e a minha digníssima e talentosa esposa.
O artigo é curto e para aqueles que perderam a revista irei transcrevê-lo aqui na íntegra.
Agradeço aqui pessoalmente à Maria e ao fotógrafo Augusto Brázio a oportunidade que nos deram de revelar ao país a existência do Action Figure Hospital e da vontade que temos em coleccionar estes artigos a que quase ninguém liga ou que marca imediatamente como “coisas para putos”.

E se a cabeça cai? Ou se as pernas se partem? Os bonecos reclamam SOS como as pessoas. Adoecem sem queixumes. Gemem em silêncio, à espera que mãos hábeis inventem curativo. Nuno Mata, 33 anos, Licenciado em Design de Interiores, é pintor e colador no seu hospital para figuras de acção, uma daquelas paixões imberbes que só conhecem dois destinos. Ou definham com o tempo ou são promovidas a mania. A segunda vingou de tal maneira que não viu apenas nascer um banco de urgência para pacientes de plástico. Ganhou consentimento para devorar as assoalhadas. “Começa a faltar espaço. Está tudo guardado em casa.” Na dele. E na dos pais. Entre vitrinas e caixas, algumas já “mesmo atrofiadas”. Mas a legião de bonecos respira saúde entre os dedos de um dono exemplar. Americanos, miniaturas da Disney, bonecos promocionais dos Olá, exemplares em PVC, a menina dos olhos do espólio pessoal. Têm igual residência online em http//www.actionfigurehospital.blogspot.com/,blogue que Nuno mantém com a restante equipa de enfermeiros: Ana Alves, Tiago Alves e Inês Anfilóquio. São mais de 300 artigos postados, cada qual abarcando grandes colecções. O balanço total acusa uns “2000 artigos, aproximadamente”. Somam-se mais 4000 exemplares de BD, outra febre que não conhece antipirético.
Nuno colecciona bonecos desde os 5 anos, segundo uma fórmula simples: “Quando se é miúdo compra-se umas coisas e brinca-se com elas.” Também ajuda, e como, ter boas fontes na família. “A minha avó trabalhava na Disvenda, em Odivelas, e trazia-me mãos cheias de bonecos tradicionais.”Depois, há sempre “aquele teseouro extraordinário”. Como uma figura do Tintin de 1948. Ou uma estátua do Homem-Aranha dentro de casa.
Entraram em casa para ficar porque nunca se sabe quando voltaram a cair no goto, mesmo quando o encanto parece esgotado. “Não consigo desfazer-me da minha colecção. Só se tiver repetidos. Tenho figuras de que já não gosto mas posso voltar a gostar delas. Prefiro conservá-las como memória histórica pessoal.”

In revista Nós por Maria Ramos Silva e fotos de Augusto Brázio.